Edição V02N03 | Ano 2016 | Editorial Caso Clínico | Páginas 52 até 57
Corpos estranhos podem estar associados a traumas orbitários, e a anatomia da órbita a torna suscetível a fraturas. Dependendo do local e da extensão do trauma, pode ocorrer uma comunicação entre o conteúdo orbitário e a cavidade craniana. O presente trabalho relata o caso de um paciente com um extenso fragmento de madeira alojado desde a porção anterior da órbita até a base do crânio. A remoção cirúrgica do fragmento foi realizada por uma equipe multidisciplinar, em dois tempos operatórios: no primeiro, parte do fragmento foi removido através da ferida traumática; já no segundo, procedeu-se com as sinusotomias maxilar, etmoidal e esfenoidal, persistindo apenas um pequeno fragmento de madeira que se inseria entre a proeminência do nervo óptico e da carótida interna, na parede lateral do seio esfenoide esquerdo. O paciente encontra-se no décimo mês de pós-operatório e expeliu o fragmento remanescente pela cavidade nasal, após esse ter se deslocado, fato comprovado em uma nova TC. O conhecimento anatômico da região a ser operada, as circunstâncias que determinaram o trauma, bem como o trabalho multidisciplinar, incluindo diferentes acessos cirúrgicos, são essenciais para se obter sucesso no tratamento, com o mínimo de dano às estruturas nobres.
Silveira MLM, Soares ECS, Nunes AAA, Correia RO, Carvalho FSR, Souza MSM. Corpo estranho orbitocranial: tratamento multidisciplinar. Relato de caso. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2016 set-dez;2(3):52-7. DOI: http://dx.doi.org/10.14436/2358-2782.2.3.052-057.oar